sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Conflitos acerca de quem sabe mais no trabalho

Um dos prejuízos pessoais causados pelo trabalho, devido à Convivência forçada a que os empregados são submetidos é a disputa em torno de quem sabe mais do serviço.

Temos dois casos reais, que serão aqui traduzidos de uma forma objetiva, para entendimento do conflito, e não a explicitação do motivo real, dos envolvidos, e das palavras usadas. É como um "baseado em fatos reais".

Primeiro caso

Uma área administrativa jurídica recebe um aparelho para cópia de documentos, após um demorado processo de compra. A área tecnológica (apoio técnico à informática) foi responsável pela compra e está responsável pela instalação. A situação lógica é a de que o técnico de informática é o dono deste ramo de conhecimento, e a do técnico da área jurídica, um amador neste assunto, e a de saber menos. Deveria ser assim.

Mas acontece que o técnico em informática instala o equipamento e não instrui com precisão os empregados jurídicos, só falando que estava ligado e funcionando. Quem conhece os profissionais de informática sabe que a maioria é deste jeito mesmo.

Mas, pela Lei de Murphy, o equipamento exige uma cópia por folha. Começa então uma batalha verbal através de emails. Os empregados jurídicos pedem ao técnico uma solução. Os técnicos em informática, em sua maioria, NÃO GOSTAM DE RETORNAR a uma coisa que julgavam resolvida. Dá uma sensação de retrabalho, e eles gostam de pegar sempre um novo serviço. E saem falando que os clientes é que não sabem usar equipamentos e sistemas. É uma forma de escapismo.

Ironia do destino, a área jurídica conta com dois empregados que não largam problema para trás sem solução, e se lançam para resolver o imbróglio. Pedem o manual ao técnico, e este traz, sem acreditar que vá servir de nenhuma forma aos dois "leigos metidos". E, para seu azar, eles acham a solução no manual, faltando somente a senha do aparelho para executar a solução.

São trocados emails, com arrogância do lado da área de informática. Ao final das trocas de mensagens, o técnico é obrigado a dar a senha com um: "se vocês acham que isto vai resolver o problema ..."

E os empregados da área jurídica logram êxito ao executar a idéia que antes era só uma tese, pela falta da senha.

Este foi o primeiro caso.

Segundo caso

Um departamento de uma grande empresa recebe novatos, jovens, espertos e criativos, mas que não pertencem ao ramo do trabalho do departamento e sim ao rano da tecnologia. Este departamento vinha fazendo seu trabalho durante muitos anos, sempre do mesmo jeito, sem tecnologia e com métodos bem antiquados. Então vem novos tempos, com maior exigência tanto em termos de desempenho com em termos legais.

Então o gerente da área percebe que os novos desafios só podem ser vencidos engajando e dando mais importância aos empregados capacitados em tecnologia, porém sem desvalorizar os empregados mais diretamente ligados ao ramo da área. Acontece que estamos tratando com o Homo sapiens ciumentus, e estes últimos começam a acusar o gerente de transformar a sua área em uma panacéia tecnológica. A área se divide em duas facções, com brigas, choro, rosnados e ranger de dentes.

O ponto em comum

Estes dois casos mostram a feudalização das áreas de uma empresa em torno do ramo de atividade de seus profissionais. No macrocosmo gerencial, a área tecnológica se afasta e se cerca, assim como a área financeira, a de contabilidade, a de recursos humanos, e por aí vai. As outras áreas são como inimigas. É preciso se defender institucionalmente. Cada um sabe mais do seu serviço, então tem que se proteger dos outros, tanto de área para área, como de feudo para feudo dentro da mesma área.

As armas de defesa

Com a desculpa de que precisam medir o desempenho e distribuir melhor o serviço, as áreas mais medrosas inventam o Pedido de Serviço, ou Ordem de Serviço, vejam só, internamente. Não é para clientes externos não. É para os clientes internos, ou seja, as áreas da própria empresa. E o pior é que a direção da empresa aceita, não para registrar os pedidos em termo de demandas, mas acreditando evitar os conflitos internos.

E, ao invés de utilizar este instrumento para melhorar o serviço e torná-lo mais ágil, observa-se o recrudescimento da procastinação. E ao invés de as estatísticas resultantes servirem como um registro de conhecimento adquirido e de serviço executado, servem como desculpa das áreas para mostrarem que as demandas são muitas, e de que não existe gente suficiente para executá-las.

E em última instância, a mais danosa, como JUSTIFICATIVA PARA TERCEIRIZAÇÃO, com vistas aos contratos com ganhos "por debaixo dos panos".

Quem paga o pato ?

Quem paga o custo das vaidades, das disputas, do "quem sabe mais" é o cliente que adquire bens ou serviços desta empresa, pois sem estas "futilezas (futilidades mais vilezas) o custo seria menor.

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