sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Cumprir objetivos e metas pode ser considerado uma forma de alcançar o TER ?

Acúmulo Material

O exercício do acúmulo começa com esta forma primitiva de "colecionismo". Crianças tem uma abordagem exagerada deste "colecionismo", associado a satisfação visual: basta VER que quer TER.

Acúmulo Vivencial

A nossa vida se baseia muito no ESPÍRITO DE EMULAÇÃO. O ser humano aprende pela emulação. Como os modelos das crianças são os adultos, elas já vão, automaticamente, treinando para serem adultos. A menina brinca de casinha, de professora, ou joga videogames que reproduzem estas situações. O menino, sem saber, já quer ser líder, antecipação do seu papel de chefe de família, ou de Gestor Público, quem sabe.

Empenhar-se obsessiva e compulsivamente em cumprir as Metas e Objetivos pode se tornar uma forma de ACÚMULO, em resposta a um impulso subconsciente de TER.

Podemos identificar um TERólogo crônico pelo exagero que faz no uso de pronomes possessivos: o MEU carro é assim, levei MEU som para consertar, este é o MEU trabalho que EU fiz, levei o MEU carro para a oficina, comi o MEU lanche, quando eu estava na MINHA academia. Nestas frases o possessivo pode ser omitido.

O TERólogo crônico também pratica o TER indireto. Se ele não TEM alguma coisa, provavelmente alguém da família ou das amizades TEVE. Ele inclui a existência dos próximos na sua, sempre que for necessário compensar a sua própria existência.

Acúmulo Intelectual

A busca do conhecimento é normal, e tanto mais intensa quanto mais mutável for o contexto. Em outras palavras, um ramo como a tecnologia exige a constante pesquisa. O que há de novo ? Será que compensa perder uma semana ou um mês com uma novidade, para economizar muito tempo e esforço depois ? Vale a pena adquirir os livros sobre o assunto em questão, ou gastar horas na Internet lendo ?

Excesso sem Relacionamento de ideias

Disto padece a cultura do século XXI que apenas começou. Antes, o pouco conhecimento disponível ficava "boiando" na mente dos humanos. E eles podiam remoer este pouco, descobrindo relações, meditando, raciocinando, experimentando mentalmente. Muitos anos atrás, tivemos alguns gregos que "conheciam muito pouco", mas deduziam muito. Demócrito antecipou a teoria atômica. Sócrates produziu a gnose (autoconhecimento), que estabeleceu as bases da filosofia. Platão estabeleceu as bases das modernas Universidades, com a sua Academia. Incentivou o debate e a conversação como meio de se polir o conhecimento. Todo o conhecimento é intrínseco ao ser humano, e basta estimula-los que os métodos e conclusões aparecem.

Objetivos

Todos nós precisamos de um pouco de obsessividade, senão largamos nossas tarefas, e muito mais os desafios. Os especialistas em didática tinham uma fórmula muito simples para calcular o tempo que um aluno prestava atenção a uma tarefa não relacionada ao lazer. A quantidade de minutos de atenção podia ser medida em um número de minutos igual à idade da criança.

Hoje se sabe que uma aula é improdutiva além dos 50 minutos, mesmo para adultos. E a faixa etária dos adultos que precisam fazer cursos de reciclagem e aperfeiçoamento é de 40 a 50 anos. Coincidência ou não, revela a sabedoria da geração de nossos avós.

Portanto, para se cumprir um objetivo, é preciso manter um intervalo de tempo de obsessividade suficiente para se avançar no cumprimento do mesmo.

O limite da obsessão

Quando a obsessividade ultrapassa a manutenção do próprio ser, preocupação com lazer, com família, além de umas 10 horas, é porque existe uma necessidade de compensação do CONJUNTO DE PEQUENAS SATISFAÇÕES QUE COMPÕEM O PRATO DA VIDA.

Então, este PRATO DA VIDA, que deveria satisfazer a nossa necessária ideia de TER, é encarado como insuficiente. Ele não É insuficiente, e sim PARECE insuficiente.

O poder

O poder, a autoridade e a notoriedade, a qualquer preço, são as formas mais extremas de tentativa de realização do TER. Realizou, acha que TEM. E estas formas de TER não se encaixam no verdadeiro PRATO DA VIDA. Pode-se dizer que este indivíduo vendeu a alma ao diabo.

Conclusão

TER deve ser um sentimento, e não uma constatação visual e material.


sábado, 24 de agosto de 2013

Medo da responsabilidade e do compromisso - Eu não quero ter nada a ver com isso

Esta era que vem ocorrendo desde meados dos anos 90 está sendo a verdadeira "Era dos medíocres", ou "Era dos descompromissados" ou, em linguagem chula "Era do foda-se".

O medo do novo

Este contexto pode ser realmente classificado como medo. A expectativa que precede algo que já sabemos fazer é ansiedade, ou seja, a antecipação de que teremos que cumprir uma RESPONSABILIDADE. Um mundo tecnológico, onde passamos, em apenas vinte e poucos anos, por 4 gerações de aparelhos celulares (cito um exemplo bem palpável para a maioria), envolve, a todo momento, o PERIGO do NOVO.

Zona de conforto

O mais confortável, é saber O QUE se vai fazer e, de preferência, COMO fazer. Não é preciso raciocínio. Basta sair de casa, chegar ao trabalho, e trabalhar automaticamente. No entanto, do ponto de vista da neurologia, isto se constitui numa verdadeira estagnação. O cérebro não efetua novas ligações, não é estimulado. O trabalhador fica na situação de "Zumbi" com máscara de normal.

O medo da responsabilidade

Quando se mostra que é preciso avançar, começam as perguntas: "Por que mudar o que está funcionando ? ", "Nossas diretrizes são estas, como é que vamos mudá-las ?" São expressões de medo. As frases são extraídas de falas em reuniões em grandes companhias, de técnicos que ganham bem. Algumas pessoas em cargos de mando costumam dizer: "Eu falo, mas não assino".

Ora, ora, ora, a pessoa assina um crediário, em loja, de um aparelho de uns R$ 150,00, mas não é capaz de assinar algo muito mais caro: a sua palavra, que veio de sua individualidade. A individualidade não tem preço, pois ela é CADA UM DE NÓS. Geneticamente, é dificílimo, mesmo em caso de gêmeos obter uma cópia exata de uma pessoa.

A Responsabilidade é o compromisso, antes de sê-lo com os outros, com NÓS MESMOS.

Responsabilidade em Equipes

Chega-se ao cúmulo de uma pessoa exigir, em reuniões de empresas, que você assuma o compromisso de ser você o único responsável por um assunto NOVO, quando o trabalho é afeto a toda uma Equipe. Ou seja, o NOVO pode ser colocado, contanto que somente quem precisa se responsabilize. Mas no futuro, QUANDO TUDO DER CERTO, TODOS SERÃO OS DONOS DA NOVA IDÉIA.

Isto é uma faceta da Hipocrisia: apropriar-se da ideia dos outros sempre que ela der certo. Os políticos brasileiros são assim. CUIDADO, você critica aquilo que imita.

Conclusão

A Instituição Responsabilidade está ruindo desde os anos 90, e todas as mazelas pelas quais estamos passando são resultado disto.